sábado, 14 de janeiro de 2012

ADOLESCÊNCIA

O texto abaixo copiei do site CONVERSANDO COM O PEDIATRA. Este site é elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e aborda assuntos variados, para todas as idades, desde o pré-natal até o adolescente. É direcionado ao público leigo, pais e educadores. Vale a pena visitá-lo!

Adolescência
Departamento de Adolescência da SBP

“A adolescência é como um muro de vidro: não há portas nem passagem, só a disposição de crescer para transpô-lo. Quem tenta escalá-lo só o fará após muitos escorregões. Quem ousa parti-lo, há de ferir-se com seus estilhaços. Do lado de cá, há reminiscências de ternura e aconchegos; do outro, promessas de conquista e êxtase.” (anotações de um adolescente)
A palavra “adolescer” vem do latim e significa crescer, engrossar, tornar-se maior, atingir a maioridade. Dos seres vivos, os humanos são os únicos que vivem a adolescência como uma etapa importante do desenvolvimento, marcada pelo crescimento físico, cognitivo, afetivo, moral e social.
O conceito de adolescência refere-se ao período da vida que vem logo após a infância e precede a idade adulta. Segundo a Organização Mundial da Saúde, transcorre dos 10 aos 20 anos.
Adolescente! Esse ser especial tem na segunda década da vida o seu viver mais iluminado, mais bonito na estética e mais elástico nas possibilidades; quando a vida explode em mil cores, tão fortes, tão coloridas e especiais, que deixarão na memória sons, cheiros e imagens inesquecíveis e incomparáveis.
A adolescência é palco de mudanças físicas visíveis que representam a maturação do corpo, e a isso se dá o nome de puberdade. Já a mudança interna, mais difícil de ser entendida, interfere em seu comportamento, em suas ações.
Essas mudanças ocorrem paralelamente, mas em velocidades diferentes, principalmente quando os jovens são de sexos opostos.
A adolescência, para fins didáticos, pode ser dividida em “inicial” (10 a 14 anos) e tardia (15 a 19 anos), sendo a fase inicial mais turbulenta, visto que aí as mudanças ocorridas aparecem de forma brusca sem tempo para o indivíduo interpretar os fatos. Já na fase mais tardia, o indivíduo consegue entender melhor as transformações.
A formação da identidade é a principal tarefa do adolescente. Às vezes vale a pena perguntar quem é esse ser. Por que, de repente, ele se torna ora um sujeito mais que humano, ora uma pessoa detestável, na procura dessa identidade?
Nesse contexto, a família é fundamental. A busca da identidade, a ânsia de ingressar no mundo adulto e, ao mesmo tempo, o medo de fazer parte dele fazem com que o adolescente queira estabelecer normas próprias e fazer as coisas do “seu” jeito. Tudo isto com um único objetivo: ter uma identidade própria! Ser diferente dos pais! Ser igual a quem?
E tudo isso adquire uma dimensão ainda maior quando essa adolescência é vivida nos tempos atuais, com essa família “mutante”, como se vê na nossa realidade, recheada de casamentos, divórcios, recasamentos, novas estruturas familiares, um novo modelo de família. E independente do modelo de família onde o adolescente está inserido, é necessário que os pais ou responsáveis pelos mesmos tenham em mente dois pré-requisitos básicos:
  • Diálogo – sempre e sobre TUDO, de uma forma clara e honesta.
  • Limites – fundamental na relação com o adolescente. E esses limites não podem ter início na adolescência e sim na mais tenra infância. Impor limites faz parte do processo educativo, e essa é uma das funções da mãe e do pai.
Ausência dos pais aumenta a vulnerabilidade do jovem Nesse espaço onde o adolescente está se buscando, a família atual está se tornando cada vez mais omissa, ausente. E isso se observa em todas as camadas sociais, tanto nas vielas sofridas e escuras da periferia, quanto nos bairros nobres, habitados por gente de boa formação. Percebemos tanto nos lares ricos quanto nos pobres um assustador abismo afetivo. O vazio emocional, somado à falta de limites, ao desinteresse e ausência dos pais são considerados fatores de risco que estão a todo o tempo rondando o adolescente, devido à sua natural vulnerabilidade. E isso pode se tornar um campo fértil para o consumo de drogas, para a violência, a infração das regras e a transgressão dos limites.
Ausentes, os pais delegam a sua função educativa à escola, também despreparada, e que, mal dando conta das suas próprias dificuldades, se depara com esses jovens portadores de enormes lacunas não preenchidas pela família: faltam carinho, valores, crenças, expectativas, comportamentos, normas sociais, diálogo e limites. E explode o bulliyng, essa forma tão antiga e cruel de agressão entre os pares, muitas vezes com consequências graves.
Vivemos uma verdadeira cultura de violência, em todos os níveis: físico, psíquico e emocional. Videogames, filmes, novelas, desenhos animados e até propagandas estimulando a violência e a cultura da competição. Além do fácil acesso às armas, a proliferação incontrolada das drogas lícitas e ilícitas.
No nosso país, o exemplo que vemos é corrupção, mentiras, fraudes, impunidade, em todos os níveis. A violência infanto-juvenil nas ruas, lares e escolas brasileiras é, na verdade, apenas a parte visível do iceberg e revela um fenômeno muito mais sério, incrustado na sociedade, que é preocupante e temeroso ao mesmo tempo: a falta de atenção às crianças e adolescentes, antes representantes da nação do futuro, hoje protagonistas da violência que explode nas casas e nas ruas, pela falta de liderança dentro e fora da família.
É necessário e urgente fazermos alguma coisa para garantir a cidadania das nossas crianças e adolescentes. E cabe a todos nós, pais e mães a responsabilidade de “criar” essa geração, com o amor, o carinho e os limites que eles pedem e merecem!

Um comentário:

Marina RO Hermeto disse...

Muito bom texto, com especial valorização para a fala inicial, de um adolescente.