A causa mais freqüente de anemia é a deficiência de ferro.
Apesar de ser o elemento mineral mais abundante na terra, de ser fundamental
para o transporte de oxigênio pelo sangue, sua falta no corpo humano é a carência alimentar mais
importante em todo o mundo. Quanto mais baixo o nível sócio-econômico, mais
prevalente é esta deficiência. A anemia é o último estágio, quando a
deficiência mostra seus sinais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem mais de 2
bilhões de pessoas no mundo com anemia ferropriva, o que representa 30% da
população mundial. Nos países em desenvolvimento a taxa de acometimento em
crianças de zero a quatro anos chega a 51%. No Brasil, é considerada um grave
problema da saúde pública, e alguns estudos estimam a prevalência em crianças
abaixo de dois anos é de 50 a 80% nas regiões mais pobres.
Quando a anemia se instala, a deficiência de ferro já vem de
longa data. Na criança, em que o ritmo de crescimento é acelerado, e as
necessidades de ferro são grandes, a anemia já é detectada após alguns meses de
deficiência.
Além da palidez da pele e mucosas, sinais que as mães
conhecem, a anemia causa cansaço, apatia, fraqueza muscular, inapetência, dificuldade
de atenção, dificuldade de aprendizagem,
maior susceptibilidade às infecções, glossite (vermelhidão e perda das papilas
linguais) e até perversão do apetite como comer terra, gelo, sabão, cabelo,
etc.
As causas desta anemia são inúmeras. Inicia na gestação,
quando a necessidade de ferro pela mãe é altíssima. Se a gestante for anêmica
ou não se alimentar bem, seu bebê poderá nascer com pouca reserva de
ferro no organismo. Esta reserva é feita basicamente no último trimestre da
gestação. Os prematuros precisam receber uma suplementação de ferro a partir de
um mês de idade. Se a mãe teve pressão alta, ou diabetes, ou o neném nasceu
muito pequeno para a idade gestacional, é muito provável que ele também precise
de suplementação de ferro.
O LEITE MATERNO (LM), além de todas as qualidades que tem,
fornece a quantidade necessária de ferro para um neném por seis meses. Após
este período, há um aumento da necessidade e os alimentos complementares, como
as papinhas salgadas, a carne, são introduzidos para suprir a demanda do ferro
pelo organismo em crescimento. Visando a prevenção da anemia, a Sociedade
Brasileira de Pediatria recomenda que o LM seja continuado até os dois anos e
que a criança receba um reforço de ferro a partir dos seis meses.
As fórmulas infantis são acrescidas de ferro, e na falta do
LM, devem ser usadas. As crianças menores de um ano nunca devem ser
alimentadas com leite de vaca. Ele é deficiente em ferro, vitaminas e outros
nutrientes. Tem excesso de sais como sódio, potássio, fósforo e ainda excesso de
proteínas, o que pode prejudicar os rins, além do crescimento. Muitas vezes, a
criança alimentada com leite de vaca tem micro-sangramentos intestinais, o que
aumenta a chance de anemia. Parasitoses intestinais e outras doenças também são causas
de anemia.
Os alimentos que melhor fornecem o ferro são as carnes,
principalmente a vermelha. Muitos vegetais são ricos em ferro, mas não são bem
absorvidos, ou seja, têm uma baixa biodisponibilidade. Existem substâncias que
melhoram esta biodisponibilidade, como o ácido cítrico, ácido ascórbico (vitamina
C), o suco de limão ou laranja nas
principais refeições. O cálcio do leite, piora a absorção do ferro, então, ele
não deve ser oferecido juntamente com as principais refeições. Fitatos de
alguns cereais, oxalato do espinafre, ácido fosfórico dos refrigerantes, polifenóis
dos vinhos, café, chocolates, chás prejudicam a absorção do ferro. Mas
felizmente, o ácido ascórbico é mais forte que eles. A vitamina A e os
betacarotenos, presentes nos alimentos como cenoura e abóbora, ajudam na absorção do ferro.
Métodos industriais, cozimento dos alimentos e “deixar de molho” o feijão,
melhoram a biodisponibilidade, eliminando o fator inibidor da absorção.
Uma alimentação colorida, com carne nas principais
refeições, frutas cítricas e vegetais variados irá fornecer a quantidade
necessária de ferro. O leite, principalmente para as crianças, deve ser tomado
de manhã, à tarde e antes de dormir, nunca junto com almoço e jantar.
A fortificação dos alimentos é uma saída para a melhora do
quadro de anemia na população. Países com o Chile conseguiram diminuir bastante
os índices de anemia com a adição de sulfato ferroso e ácido ascórbico ao leite
em pó distribuído nos programas da alimentação infantil. No Brasil, desde 2004
é obrigatório a suplementação de ferro e ácido fólico às farinhas de trigo e
milho. O problema é que esta medida não atinge a faixa etária mais vulnerável,
as crianças de baixa idade. Além das doses de suplementação serem baixas, estes
alimentos não são consumidos em quantidades suficientes pelas crianças de baixa
idade.
O organismo é sábio, aumenta a absorção de ferro pelo
intestino, quando há maior necessidade.
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