domingo, 4 de março de 2012

ANEMIA E A FALTA DE FERRO NA ALIMENTAÇÃO

A causa mais freqüente de anemia é a deficiência de ferro. Apesar de ser o elemento mineral mais abundante na terra, de ser fundamental para o transporte de oxigênio pelo sangue, sua falta  no corpo humano é a carência alimentar mais importante em todo o mundo. Quanto mais baixo o nível sócio-econômico, mais prevalente é esta deficiência. A anemia é o último estágio, quando a deficiência mostra seus sinais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem mais de 2 bilhões de pessoas no mundo com anemia ferropriva, o que representa 30% da população mundial. Nos países em desenvolvimento a taxa de acometimento em crianças de zero a quatro anos chega a 51%. No Brasil, é considerada um grave problema da saúde pública, e alguns estudos estimam a prevalência em crianças abaixo de dois anos é de 50 a 80% nas regiões mais pobres.
Quando a anemia se instala, a deficiência de ferro já vem de longa data. Na criança, em que o ritmo de crescimento é acelerado, e as necessidades de ferro são grandes, a anemia já é detectada após alguns meses de deficiência.  
Além da palidez da pele e mucosas, sinais que as mães conhecem, a anemia causa cansaço, apatia, fraqueza muscular, inapetência, dificuldade de  atenção, dificuldade de aprendizagem, maior susceptibilidade às infecções, glossite (vermelhidão e perda das papilas linguais) e até perversão do apetite como comer terra, gelo, sabão, cabelo, etc.
As causas desta anemia são inúmeras. Inicia na gestação, quando a necessidade de ferro pela mãe é altíssima. Se a gestante for anêmica ou não se alimentar bem, seu bebê poderá nascer com pouca reserva de ferro no organismo. Esta reserva é feita basicamente no último trimestre da gestação. Os prematuros precisam receber uma suplementação de ferro a partir de um mês de idade. Se a mãe teve pressão alta, ou diabetes, ou o neném nasceu muito pequeno para a idade gestacional, é muito provável que ele também precise de suplementação de ferro.
O LEITE MATERNO (LM), além de todas as qualidades que tem, fornece a quantidade necessária de ferro para um neném por seis meses. Após este período, há um aumento da necessidade e os alimentos complementares, como as papinhas salgadas, a carne, são introduzidos para suprir a demanda do ferro pelo organismo em crescimento. Visando a prevenção da anemia, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o LM seja continuado até os dois anos e que a criança receba um reforço de ferro a partir dos seis meses.
As fórmulas infantis são acrescidas de ferro, e na falta do LM, devem ser usadas. As crianças menores de um ano nunca devem ser alimentadas com leite de vaca. Ele é deficiente em ferro, vitaminas e outros nutrientes. Tem excesso de sais como sódio, potássio, fósforo e ainda excesso de proteínas, o que pode prejudicar os rins, além do crescimento. Muitas vezes, a criança alimentada com leite de vaca tem micro-sangramentos intestinais, o que aumenta a chance de anemia. Parasitoses intestinais e outras doenças também são causas de anemia.
Os alimentos que melhor fornecem o ferro são as carnes, principalmente a vermelha. Muitos vegetais são ricos em ferro, mas não são bem absorvidos, ou seja, têm uma baixa biodisponibilidade. Existem substâncias que melhoram esta biodisponibilidade, como o ácido cítrico, ácido ascórbico (vitamina C), o  suco de limão ou laranja nas principais refeições. O cálcio do leite, piora a absorção do ferro, então, ele não deve ser oferecido juntamente com as principais refeições. Fitatos de alguns cereais, oxalato do espinafre, ácido fosfórico dos refrigerantes, polifenóis dos vinhos, café, chocolates, chás prejudicam a absorção do ferro. Mas felizmente, o ácido ascórbico é mais forte que eles. A vitamina A e os betacarotenos, presentes nos alimentos como cenoura e abóbora, ajudam na absorção do ferro. Métodos industriais, cozimento dos alimentos e “deixar de molho” o feijão, melhoram a biodisponibilidade, eliminando o fator inibidor da absorção.
Uma alimentação colorida, com carne nas principais refeições, frutas cítricas e vegetais variados irá fornecer a quantidade necessária de ferro. O leite, principalmente para as crianças, deve ser tomado de manhã, à tarde e antes de dormir, nunca junto com almoço e jantar. 

 A fortificação dos alimentos é uma saída para a melhora do quadro de anemia na população. Países com o Chile conseguiram diminuir bastante os índices de anemia com a adição de sulfato ferroso e ácido ascórbico ao leite em pó distribuído nos programas da alimentação infantil. No Brasil, desde 2004 é obrigatório a suplementação de ferro e ácido fólico às farinhas de trigo e milho. O problema é que esta medida não atinge a faixa etária mais vulnerável, as crianças de baixa idade. Além das doses de suplementação serem baixas, estes alimentos não são consumidos em quantidades suficientes pelas crianças de baixa idade.
 O organismo é sábio, aumenta a absorção de ferro pelo intestino, quando há maior necessidade.

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