A última palestra foi do Olivier Roellinger, o ponto mais alto do evento pelo que me disseram. Emocionou a todos. Fiquei chateada de não ter assistido, pois um avião me esperava em Congonhas. Olivier possui o restaurante Les Maisons de Bricourt, em Cancale, na Bretanha, França. Em 2008 renunciou às três estrelas Michelin por se sentir incapaz de trabalhar num ritmo desenfreado. Queria uma vida mais tranqüila.
O tema central do evento foi o retorno às origens, às raízes de produtos, hábitos, sabores e lembranças. Os chefs defenderam a valorização dos alimentos, sem mascará-los. Para os franceses, o importante é o terroir, o que a terra ao redor deles produz. Eles reverenciam seu produto local, frutas, verduras, peixes, carnes, queijos, vinhos e etc. Quem está nos Alpes não atravessa o país em busca de peixes do Atlântico, o que dirá de produtos de outros países... O preparo pode ser com equipamentos modernos, técnicas impecáveis, mas sempre priorizando o frescor e a qualidade da matéria básica.
A maioria dos chefs contou um pouco de sua experiência pessoal. Quase todos iniciaram a atividade na cozinha já no inicio da adolescência. Como para muitos deles a tradição vem da família, aprenderam bastante com pais ou avós. Desde cedo provando e valorizando os alimentos, criaram uma memória de sabores que os ajuda na elaboração novos pratos.
Entre os brasileiros presentes, Roberta Sudbrack (Rio de Janeiro), Helena Rizo (restaurante Mani - SP), Alex Atala (D.O.M. - SP), Ana Luiz Trajano (Brasil a Gosto - SP), Rodrigo Oliveira (Mocotó - SP), e outros, também estão voltados para os alimentos nas suas origens, buscando produtos nacionais, muitas vezes esquecidos e não valorizados, como o quiabo que a Roberta Sudbrack preparou. Ela trabalha apenas com os produtos frescos que encontra no mercado a cada dia. E com eles monta o seu cardápio, o qual muda diariamente. Não utiliza técnicas sofisticadas e consegue inúmeras variações de pratos com o mesmo produto.
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